Na segunda-feira, 17 de novembro, o Brasil despediu-se de Jards Macalé, um dos mais talentosos e multifacetados artistas do país. O cantor e compositor, reconhecido por sua contribuição à música, cinema, televisão, teatro e artes plásticas, faleceu aos 82 anos, após complicações de uma broncopneumonia. A notícia foi confirmada por sua família, que informou que Macalé estava internado em um hospital na Barra da Tijuca, Zona Sudoeste do Rio de Janeiro. O músico sofreu uma parada cardíaca.
Um Legado de Arte e Liberdade
A última mensagem compartilhada nas redes sociais do artista trouxe palavras de Macalé que refletem seu espírito indomável: “Nessa soma de todas as coisas, o que sobra é a arte. Eu não quero mais ser moderno, quero ser eterno.” A família agradeceu o carinho, amor e admiração de todos, e prometeu informar detalhes sobre o funeral em breve. A lembrança deixada pelo artista é de alguém que cantava com energia e bom humor, mesmo nos momentos mais difíceis, como quando acordou de uma cirurgia cantando “Meu Nome é Gal”.
Uma Vida Dedicada à Música
Jards Anet da Silva, nascido em 3 de março de 1943 na Tijuca, Rio de Janeiro, cresceu em um ambiente onde a música era parte do cotidiano. Com influências de grandes nomes do rádio como Vicente Celestino e Gilda de Abreu, e melodias de valsas e modinhas tocadas por seus pais, não foi surpresa que Macalé seguisse o caminho musical. Sob a orientação de mestres como Severino Araújo, Guerra-Peixe e Turíbio Santos, ele rapidamente se destacou no cenário musical.
Durante a década de 1960, suas composições começaram a ganhar reconhecimento, sendo gravadas por artistas renomados como Elizeth Cardoso e Nara Leão. Ele também fez parte do Grupo Opinião, substituindo o violonista Roberto Nascimento, e participou de shows marcantes como “Arena conta Bahia” e os primeiros espetáculos de Maria Bethânia no Rio.
O Apelido e a Cena Cultural Carioca
Adolescente, Macalé mudou-se com a família para Ipanema, onde ganhou o apelido que o acompanharia pela vida. Nas praias cariocas, tornou-se conhecido como Macalé, um nome herdado de um jogador de futebol do Botafogo. Foi também em Ipanema que Macalé se tornou uma figura constante nas Dunas do Barato, um espaço de resistência cultural durante a ditadura, onde se reunia com artistas como Chacal, Waly Salomão, José Wilker, Jorge Salomão, Glauber Rocha e Caetano Veloso. Ali, livros, músicas e peças eram produzidos, marcando uma época de efervescência cultural.
A Eternidade de Macalé
Com uma carreira que desafiou convenções e promoveu a liberdade artística, Macalé tornou-se um ícone de resistência e inovação. Suas contribuições para a música e outras formas de arte permanecem como um testemunho de sua genialidade e espírito indomável. Jards Macalé pode ter partido, mas seu legado e influência continuarão a ressoar por gerações futuras, eternizando seu nome na história cultural do Brasil.


